segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Valas Comuns
Num momento em que o domínio ocidental escudado no politicamente correcto e na inevitabilidade da história julga a sua cavalgada triunfal de civilização, caminhamos sim, para uma longa noite que se espraiará sobre tudo e todos. A extrema individualização que as forças económicas operam (consciente ou inconscientemente) parece ter como efeito o seu extremo oposto, a perda da individualidade. O nosso nome, a nossa carga individual repetida em fórmulas simples até ao paroxismo, esvazia o ser individual e a responsabilidade de sentido. O trabalho, essa valência que tanto diz e faz pelos homens, tende cada vez mais para a simplificação das tarefas individuais, uma hiperespecialização que conduz, paradoxalmente, á fungibilidade de tudo. Ninguém e nada é insubstituível. A economia é apenas a face mais visível deste fenómeno, que se agrava seriamente nas relações sociais, pessoais e afectivas. A prova que o passado nos dá de que “tudo é possível” leva-se a perguntar se será um dia possível anular um ser humano em mais uma dessas valas do esquecimento, que Bolaño tão bem retrata na sua obra 2666.
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