Pegou o Pingolim, a custo, no processo de dívidas de X numa
manhã em que estava particularmente ressacado e de mau-humor.
Com desdém, entregou ao Matraquilho. Doente e cansado, o
Matraquilho carregou nas rédeas do sistema multiplicando a dívida por dois.
Disto foi informado o Salamida-Chefe, que quase não dando
atenção ao esforço sobre-humano do Matraquilho, assinou tudo o que se lhe
colocou debaixo do nariz enquanto examinava minuciosamente a foto da Miss
Fevereiro 2012.
O Matraquilho, cumprindo todas as formalidades burocráticas,
entregou ao Maltrapilho o trabalho sujo de limpar a massa a X.
O Maltrapilho, semi-esfomeado e com os sapatos gastos,
montou a contragosto no veículo oficial e rumou a casa de X.
Depois de várias desventuras de viagem, a saber: pisadela de
merda de cão, buzinadela injusta, buzinadela justa, travagem a fundo, gaja boa
à nove horas – chegou ao bunker de X, providencialmente bem localizado num
subúrbio bem frequentado de malandragem.
Foram vários os enganos, pois as casas, espanto dos
espantos, não tinham números, e lá deu com algo que assemelhava a um casídeo
humano.
Aproximou-se da porta, não viu ninguém, mas sentiu… sentiu o
fedor nauseabundo que se escapava da porta entreaberta. Bateu uma duas três
vezes e saiu gente, um homem, mal apessoado, meio bebido, mal dormido.
- É a minha filha, respondeu, filha de vinte e quatro anos,
doente, manca, estremunhada, escanzelada, coxa, meio avariada.
Veio á porta, de pijama, mal amanhada. Não sabia, não via, não
entendia. O patriarca replicou que tudo na casa era dele e nada dela, e saiu o
Maltrapilho de mãos a abanar, fodido, mal dizendo o ofício. A viagem para casa
não era longa. Por acaso, era mesmo ali ao lado.