segunda-feira, 27 de abril de 2009

Em todos nós vive a ânsia da submissão a uma vontade alheia. Quem não tem, ainda, vontade de seguir a um Cristo ateu? Todos temos.
Este Cristo trocou a túnica pelo fraque e pela gravata. Anuncia o advento da chegada do Reino do Sucesso. Prega por cidades e aldeias, e os povos, amorfos, seguem-no. Um triste cortejo de penitentes. Não pretendem a salvação da alma. Já não acreditam na alma. Já não conhecem a profanação e os pecados da carne. O único pecado possível é não comer carne. Comem-se uns aos outros e choram-se. Não sabem chorar e não sabem rir. Encontram-se mas perdem-se. Perdidos em caminhos há muito traçados. Pisam e repisam a terra há muito pisada. Navegam por mares há muito navegados.
Rendemo-nos a ti, Cristo sem Cruz. Come a nossa carne e bebe o nosso sangue.
É tudo o que desejamos, por hoje…

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