sexta-feira, 17 de julho de 2009

Enfrentando uma sociedade cada vez mais opressora, as forças sociais que nos impelem inexoravelmente para um papel: uma performance, reduzem cada vez mais o significado (o que quer que isso seja) da vida. O papel do trabalho na vida de uma pessoa foi progressivamente desvirtuado após a Revolução Industrial. Porém, hoje, não se trata apenas da escravização do homem pela máquina (ideia sobejamente conhecida e explorada até à náusea pelos teóricos), mas da exploração do homem pelo número. O número, transposição abstracta da individualidade e unidade, variado em constantes binárias, precipita a existência para uma ambivalente relação entre realidade e irrealidade. Assim, será cada vez mais ténue a fronteira entre trabalho e lazer; diversão e prazer – o infinito subjectivo projectar-se-á com igual leveza no estabelecimento de laços afectivos instantâneos ou numa prestação laboral (a venda de um produto, por exemplo). O problema reside precisamente na incomensurabilidade existente entre o valor da prestação (ou performance), enquanto esforço de subectivação, e o seu resultado. Tal incomensurabilidade leva a exigências pessoais cada vez mais rigorosas - até ao delírio, assim como, no plano político e social, a um retrocesso.

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