quarta-feira, 1 de julho de 2009

“Pretende-se, em terceiro lugar, que compensando de algum modo a censura de superstição e de abandono que se pode fazer às épocas de corrupção, os costumes se fazem mais suaves no decurso destes períodos, que a crueza aí diminui notavelmente em comparação com as épocas precedentes, mais crentes, mais fortes. Não poderia já subscrever este elogio, tal como não subscrevei a acusação precedente: tudo aquilo que concedo, é que a crueldade se afirma, que as suas antigas formas repugnam ao gosto novo; mas a arte de ferir, de torturar com a palavra ou o olhar, alcançam em contrapartida, em tempo de corrupção, o seu supremo aperfeiçoamento; é só então que nascem a malignidade e o prazer de ser maldoso. As pessoas das épocas corrompidas são espirituais, caluniadoras; sabem que se pode matar dispensando a utilização do punhal e das suspresa; sabem também que se acredita em tudo o que é bem dito”.

F. Nietzsche, in A Gaia Ciência

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